Saldo dos últimos meses

Eu nunca fui do tipo que dizia que quando tivesse a maioridade faria e aconteceria. Para mim, estar sob a barra da saia de mamãe, como diziam, era muito mais confortável. Mas aí o tempo foi passando e de repente a cidade já não comportava mais meus sonhos, o emprego já não me trazia o retorno esperado, e a vontade latente de voltar para a cidade grande aumentava ainda mais dentro de mim.
Quando a gente decide ir, tem que lidar com as mais variadas situações. No meu caso ainda mais, pois achava que era por motivo fútil. Mas quem me conhecia, sabia que desde sempre era algo que eu sonhava, pesquisava e planejava minunciosamente. Aquele que achavam (acham) que era meu motivo, na verdade era o empurrãozinho em forma de incentivo e cuidado, que me mostrava todas às vezes que eu pensava em vacilar, que estaria ao meu lado e que tudo daria certo. Lembro de ter ficado muito chateada no início. "Estão deturpando meu sonho" -pensei muitas vezes. Mas depois deixei, afinal, como saberiam se eu não saía por ai gritando meus objetivos e sonhos? Eu já havia aprendido a fórmula da realização: contar meus sonhos para as pessoas certas.
Então minha ida foi rápida e silenciosa. Não avisei no facebook, não criei evento muito menos uma live. Era algo só meu e dos que sonhavam comigo. Pessoas que eu conto nos dedos, mas que levo para sempre em meu coração. No dia, minha alma era um mix de realização e tristeza. A primeira obviamente, pois era algo há muito esperado, a segunda, pois não podia levar na bagagem aqueles que tanto me fazem bem. Então me despedi, olhos vermelhos, bagagem pesada torcendo para não pagar excesso de peso. "Ainda bem que eles não pesam a gente" - pensei . "porque meu coração está cheio!"
O sentimento que acompanha de quem vai para um lugar que ama é o de não querer voltar para onde estava, mas desejar levar junto todos aqueles a quem ama. Meio egoísta, eu sei. E por isso preciso aprender a lidar com a saudade.
Uma frase que estava no aeroporto de Salvador no dia em que parti foi: 2016 é um ano de superação. E eu tenho visto que está sendo mesmo. Muitíssimo para mim, mas sei que para os meus também.
E lá se foram 8 meses, que são o equivalente a 35 semanas ou se preferir 245 dias. Alguns sentimentos mudaram. Várias surpresas aconteceram no caminho. Algumas coisas não saíram como o planejado, mas eu continuo aqui, sempre tendo esperança de que o próximo ato vai ter desfecho melhor.

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