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By Lucas Lenzi
Um dia desses, olhando para trás avistei uma garota. Tinha uma estatura baixa, vestia roupas que entregavam sua pouca idade e a falta de vontade de lavar seu All Star. Seus olhos brilhantes me fitaram e logo seu semblante se transformou. De uma garota que parecia flutuar ao andar eu a vi se transformar em alguém com um ar preocupado somente ao me olhar.

Olhei mais fundo e vi uma garota que amava ler, tirar boas fotos para as redes sociais, fotografias e escrever desde um texto gigante que ninguém lia à historias com personagens muitas vezes reais. Vi uma garota cheia de sonhos e ideais, que amava a família e tinha poucos, porém bons amigos.

Quando pensei em ir até a garota, meu telefone vibrou. Era mais uma notificação, me lembrando de que faz 7 anos que eu e alguém somos amigos em uma das redes sociais (mesmo que eu nem me lembre qual foi a ultima vez que nós trocamos um oi). Então deslizo o dedo na tela, descartando a atualização, me lembro da garota e prontamente me volto para sua direção.

Percebo que é tarde demais, pois ela já correu, está atrás de algum muro. O muro do medo, ou da preocupação do que os outros vão dizer. Talvez seja só o muro da preguiça, das desculpas de que precisa de algo grande, para fazer algo que só depende unicamente de sua dedicação. Talvez só tenha ido dormir, afinal enquanto dormimos, só o despertador é capaz de nos tirar dos sonhos bons,

Alguns dias se passaram e eu continuo procurando a garota. Ainda na esperança de que mais cedo ou mais tarde, ela retornará com o mesmo brilho nos olhos de quando eu a avistei. Não mais me importo se seus sonhos tenham mudado ou se a vida a fez mudar a direção de tudo que um dia ela pensou ser o certo. Só quero encontrá-la bem. Se alguém a vir por aí, não a deixe ir, diga que tenho um lugar onde ela pode repousar e ser exatamente quem ela quiser.

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