Divagações de busu #1


É sexta-feira, 23h da noite e estou voltando de ônibus para casa sozinha. Temos aí muitas novidades:

1. Estou sozinha numa sexta
2. Estou sozinha a noite. E é bem tarde, são VINTE E TRÊS HORAS. ok
3. Estou em transporte público à essa hora da noite. 
4. Eu já disse que estou sozinha?

Seria um dia uma noite comum, se eu não tivesse me adaptando à essa nova rotina de ter transporte coletivo disponível para ir para casa o tempo todo, mesmo que estes estejam a depender do horário, abarrotados de gente. 

Foi a primeira noite, em quase um mês que estou na terra da garoa, que me vi sozinha no metrô/ônibus. E estar sozinha em transporte público com um celular que não te permite ficar alienada às redes sociais e ainda por cima, com a TPM dando às caras, é um convite à nostalgia.

Minha cabeça doí muito, e eu poderia ter dormido, afinal o caminho ainda seria longo, mas resolvi apreciar a vista. É incrível viver em uma cidade que parece não parar. Tem muita gente nos pontos de ônibus, de todos os tipos, cores e estilos. E por falar em estilo, cara como eu gosto da forma que muitos aqui se vestem! Quando vejo alguém com o estilo tão alternativo quanto o meu, me sinto em casa hahahaha. Cabelo azul? Mano aqui tem rosa, roxo, raspado do lado, dread, box braids... (sim, tô pegando as gírias de novo, vey, ops)

Agora não tem o trânsito caótico que me fez chegar atrasada na faculdade, mesmo saindo com quase 4h de antecedência, então estou mais calma. Sim, por que pela primeira vez desde que cheguei eu fiquei irritada com o trânsito louco daqui. Mas, em defesa dessa cidade que eu amo, digo que consegui chegar no horário porque havia uma rota alternativa de trem. Mas enfim, estou nuns dias de TPM, sinto 70 vezes mais. É, como eu disse para uma amiga, e em breve escreverei por aqui, a TPM me faz mais humana, leia-se mais chata, resmungona e estressada também.

Cheguei no ponto de parada e são quase 00:00, primo está me esperando, porque o namorado insiste que o bairro é muito perigoso para uma mocinha como eu ir sozinha até em casa. Estou extremamente cansada, contudo feliz. Enfim estou vivendo as coisas que tanto almejei e nem as dificuldades conseguem me impedir (ao menos por muito tempo) de ver o quanto tudo isso é bom.

Dia de agradecer



No último sábado, fui à uma apresentação do cantor e compositor Marcos Almeida, na IBAB (Igreja Batista de Água Branca). Esse foi um dos eventos que superaram em 10 vezes as minhas expectativas.

Não era um dia comum. Eu estava bem nostálgica, a saudade da família e amigos latejando no peito, mas ainda assim eu fui. Afinal, era o Marcos Almeida e meus amigos estariam lá!

Embora estivéssemos em uma 'igreja', a liturgia deles era um tanto diferenciada e, quando você está acostumada a outro tipo, acaba notando essas singularidades. O evento iniciou com Marcos tocando violão e vez ou outra acrescentando o bumbo... Foi muito bom, como pode ser visto no vídeo.

Daí ele cantou as músicas que eu precisava ouvir. Cantou Toda dor é por enquanto, Vem me socorrer , e elas me fizeram lembrar dos momentos que essas mesmas canções me ajudaram a enfrentar momentos difíceis. Lembrei que um ano atrás, quando faltava-me paz no coração e pude notar o cuidado de Deus comigo, pois agora, eu estava (estou) vivendo exatamente o contrário.

Fiquei grata das luzes estarem apenas no palco, pois assim pude derramar algumas lágrimas de agradecimento à Deus. Cada momento que passei, que chorei, que vivi no ano anterior agora já haviam passado, as dores foram por enquanto e a alegria hoje reina, e tenho um amor é para sempre...

Estou em obras


Parecia fácil largar a mãe e os irmãos, os melhores amigos, os conhecidos, e partir para um lugar onde, apesar de ter muitos entes queridos, precisaria firmar novos relacionamentos.

Estava evitando pensar em tudo isso, mas vez ou outra alguém me pergunta: "como é largar tudo e se mudar assim?". Eu sempre respondia da forma que pensava, afinal sempre quis isso. Mas outro dia, em uma entrevista, ao ser questionada, confesso que respirei fundo, pois minha resposta padrão já não estava me convencendo e uma lágrima chata queria rolar. Quando me dizem "você é muito corajosa, eu não teria coragem", não consigo notar um elogio, só consigo ouvir "uau, como você é louca e desnaturada". Sei que muitos não tem essa intenção, mas é isso que minha cabeça processa, baseado em tantas coisas que tive de ouvir até chegar aqui.

Nunca fui do tipo de adolescente que dizia "quando eu fizer 18 eu isso, eu aquilo". Eu não pensava nesse tipo de coisa, idealizava sair de casa apenas após me casar. Mas, assim como o plano de ser unicamente uma dona de casa cuidando de 4 filhos enquanto o marido trabalhava mudou, meu plano de sair de casa também. E eu precisei sair. Não por não conviver bem com meus entes, ou porque eu queria apenas meu próprio espaço, mas porque eu precisava. Talvez para voltar daqui uns meses, talvez para perceber que isso é o que quero mesmo. O fato é que, embora seja um momento delicado, eu estou feliz por estar vivendo isso.

Por outro lado, esse momento está sendo bastante enriquecedor. São nesses momentos que temos a chance de saber quem realmente está do nosso lado e, bom, quem são apenas os expectadores. Graças a Deus, os que estão do meu lado suplantam a minhas necessidades de amor e me fazem nem notar a ausência dos expectadores. Sou abençoada por ter uma família que me acolheu, um amor que sente comigo as minhas dores, amigos que estão me acolhendo e me fazendo sentir em casa pouco a pouco.

Eu estava evitando postar coisas intimas por aqui, mas não pude evitar, isso vai ser bom para ler daqui uns anos, quando as sensações e idealizações provavelmente já terão mudado (ou não rs). Afinal, estou em obras constantes.



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