Estou em obras

20:38:00


Parecia fácil largar a mãe e os irmãos, os melhores amigos, os conhecidos, e partir para um lugar onde, apesar de ter muitos entes queridos, precisaria firmar novos relacionamentos.

Estava evitando pensar em tudo isso, mas vez ou outra alguém me pergunta: "como é largar tudo e se mudar assim?". Eu sempre respondia da forma que pensava, afinal sempre quis isso. Mas outro dia, em uma entrevista, ao ser questionada, confesso que respirei fundo, pois minha resposta padrão já não estava me convencendo e uma lágrima chata queria rolar. Quando me dizem "você é muito corajosa, eu não teria coragem", não consigo notar um elogio, só consigo ouvir "uau, como você é louca e desnaturada". Sei que muitos não tem essa intenção, mas é isso que minha cabeça processa, baseado em tantas coisas que tive de ouvir até chegar aqui.

Nunca fui do tipo de adolescente que dizia "quando eu fizer 18 eu isso, eu aquilo". Eu não pensava nesse tipo de coisa, idealizava sair de casa apenas após me casar. Mas, assim como o plano de ser unicamente uma dona de casa cuidando de 4 filhos enquanto o marido trabalhava mudou, meu plano de sair de casa também. E eu precisei sair. Não por não conviver bem com meus entes, ou porque eu queria apenas meu próprio espaço, mas porque eu precisava. Talvez para voltar daqui uns meses, talvez para perceber que isso é o que quero mesmo. O fato é que, embora seja um momento delicado, eu estou feliz por estar vivendo isso.

Por outro lado, esse momento está sendo bastante enriquecedor. São nesses momentos que temos a chance de saber quem realmente está do nosso lado e, bom, quem são apenas os expectadores. Graças a Deus, os que estão do meu lado suplantam a minhas necessidades de amor e me fazem nem notar a ausência dos expectadores. Sou abençoada por ter uma família que me acolheu, um amor que sente comigo as minhas dores, amigos que estão me acolhendo e me fazendo sentir em casa pouco a pouco.

Eu estava evitando postar coisas intimas por aqui, mas não pude evitar, isso vai ser bom para ler daqui uns anos, quando as sensações e idealizações provavelmente já terão mudado (ou não rs). Afinal, estou em obras constantes.



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