Estar solteiro na sociedade atual nunca foi tão desvalorizado, então nem preciso dizer que eu, auge dos meus vinte e poucos anos, sofri muito bullying por estar solteira enquanto todas, sim todas, as minhas primas estavam namorando/casadas e até a sobrinha mais nova já havia "namorado sério" e eu não. Por diversas vezes eu tive de ouvir a fatídica frase: "o que há de errado com você?" Bom, eu acho que nada, só não era o tempo certo, e ninguém queria entender isso. 

Alguns diziam que eu era chata demais (eles tem lá um pouco de razão) ou que era demasiadamente exigente, e que se continuasse assim ia ficar para titia, o que para alguém que tem mais de vinte um, sim VINTE E UM sobrinhos, não seria muito difícil HAHA. No entanto, em minha defesa, posso dizer que os que apareceram em minha vida, só ofereceram um amor de fast food que eu, embora seja amante de praticidade, não aceitei. E não me arrependo. Como a celebre frase do filme As vantagens de ser invisível: A gente aceita o amor que acha que merece. E, bom, apesar de minhas inseguranças, eu achei que merecia um pouco mais do que alguém que não aceitava esperar por mim por um curto período de três meses, ou que aceitasse os meus amigos, ou que aceitasse a minha personalidade, ou que criticasse cada passo meu. Encontrar antigos amigos ou familiares que não via há muito, sempre foi outra lástima. Sempre odiei o fato das pessoas não perguntarem como ia a faculdade ou o trabalho ou a igreja, sempre perguntavam: cadê o namorado? Nem preciso dizer que algumas vezes faltou-me paciência para responder com garbo e elegância, não é? 

Pois então, com o tempo eu fui ficando mais ranzinza. E também, acreditando menos no que Isa (minha mamãe do coração) me disse em uma de nossas ultimas conversas sobre um antigo amor tóxico: "Pri, quando tiver de ser vai ser natural". Eu não gostava desse tipo de frase, era clichê demais para minha vida em que só surgiam os sapos querendo receber um beijo para depois de quebrado o encanto, eles sumirem a procurar outras princesas de reinos nem um pouco distantes de mim. E eu pensava que nunca iria repetir essa frase. Por sorte eu estava errada.

Hoje, pouco mais de um ano desde a conversa com Mamãe (Obrigada Isa ♥), eu consigo visualizar tudo que ela me disse. Eu consigo conceber a ideia do natural. Eu consigo avistar e falar de esperança para aqueles que assim como eu, um dia deixaram de acreditar. Quando você encontra a pessoa que te faz bem, você nota logo. Não tem peso, não tem neura (ou, se houver, essa pessoa será madura o suficiente para eliminar), não tem mexerico que atrapalhe, ciúme que abafe, medo que vença. 

(23.09.2015)